Despertei de um sonho no meio da madrugada, sentei para registra-lo e o que me chegava, de forma quase automática, no meio das imagens do sonho, era uma espécie de avalanche de íntimos saberes, que me encheram de perguntas.
Escolhi perguntar e ficar com as perguntas. Tenho aprendido que as perguntas nos libertam e as respostas, quase sempre nos aprisionam, porque emergem de um antigo porão de conhecimentos transgeracionais definidores.
Avante!
Sentada em quietude e silêncio, fui respirando… Fui entrando e me abrindo para escutar, registrar e silenciar no húmus de mim mesma.
A escuta do In-Timo me chegava assim: Somos filhos e filhas dos nossos condicionamentos, arcaicos e recentes. Somos moldes em repetição, em manadas inconscientes. E se assim for? Escolho e me permito está na pergunta, sem ponto de vista!
E o In-Timo continua… Somos filhos e filhas do Universo Criador, Centelhas Divina, imagem e semelhança do Pai Criador. A única espécie a receber por herança, o dom de escolher e manifestar a sua própria vida. Somos co-criadores, numa pulsante e gigantesca força exponente.
Huuuuum! Assim me soa melhor! E se assim for? Respirei no meu corpo com consciência, algumas vezes… Senti novamente o silêncio no In-Timo. Olhei para o Todo, para me ver por inteiro: Essência Divina e Mente Condicionada.
As perguntas me invadiram numa avalanche estonteante, mas escolhi ficar na respiração e escuta-las. Quem sabe aí , em algum lugar, não encontraremos o Mistério a nos trazer lucidez, a nos conduzir para o ponto onde nos perdemos da Unidade?
Então, estamos presos em selas de condicionamentos, somos uma criação da nossa própria mente? É assim que vamos conceituando e criando teses e narrativas, definindo os condicionamentos como negativos, limitantes, sombrios e padronizados? E lá vem o medo, a auto sabotagem, o controle, auto invalidação, culpa, tristeza, incompetência, arrogância, soberba, prepotência, distanciamento da essência e um longo Rosário de nós aprisionastes, que vão desfilando e constituindo a nossa identidade. Será isso mesmo?
E se assim for então, quais condicionamentos são positivos, expansivos e luminosos, nos levando a evoluir e sermos a expressão real dos nossos dons? Será que nossos Dons são também condicionamentos, construtos da mente treinada? Se definidos os condicionamentos como negativos, isso não sugere que existe um oposto? O positivo? Então assim, não é o que escolhemos ser ou fazer, mas o como escolhemos ser ou fazer?
Huuuummm! Melhor respirar e se deixar atravessar pelas perguntas!
Como estas duas faces se relacionam e se definem em nós? Qual o nascedouro desta e daquela? Quem é, e qual parte de nós, tem a competência de discernir e de definir o que é limitante e expansivo-evolutivos? Será que não é a própria Mente condicionada, presa aos conhecimentos, verdades ancestrais e inverdades impostas, que vai, a partir disso, definindo, ela própria e aí passamos a ser o prisioneiro, o carcereiro e a chave da prisão?
Fico confusa, nó na garganta… Respiro mais vezes, abrindo espaços dentro de mim. Vou deixando as perguntas fluírem do vazio e vou me abrindo, dando a permissão para as energias e consciências, irem me trazendo lucidez pelo corpo inteiro, me protegendo do intelecto ruminante. Eu escolho não ter resposta pronta para nada, a partir da cabeça!
Será mesmo, que por trás deste véu, deste muro sombrio de scripts, fantasias, fantasmas, máscaras, enredos e roteiros, existe e sempre esteve lá, uma essência imaculada, única e singular de dons e talentos Divinos, como uma gota brilhante de orvalho virgem em cada amanhecer? Vislumbro isso numa respiração profunda e me solto aí, sendo a possibilidade desta gota de orvalho.
Parece que a partir do muro sombrio da mente condicionada pelo conhecimento, que vai tomando forma, uma identidade vai surgindo, sendo o próprio conhecimento e somos levados a existir do lado de fora, a partir dos conceitos e definições recebidos por narrativas ancestrais, engolidas sem porquês, calando as nossas perguntas inocentes e virgens.
Então, daqui em diante, somos nós mesmos, a personificação do que a nossa mente dita? Somos aquilo que acreditamos? Um construto do próprio conhecimento? Será assim?
Respiro nisso!! E se somos este construto dentro da caverna do “conhecimento”, o que é então a Consciência?
Do In-Timo, do centro do meu Timo, eu escuto algo assim: A Consciência é a Vida, o Grande pulsar da existência, a Mente Primordial, a Força pulsante da Criação de tudo o que É. A MENTE DE DEUS!
Somos então, Fagulhas da Consciência Primordial? Somos Partículas da Mente de Deus? Assim, a nossa Essência é imaculada? Somos uma fagulha de consciência da Consciência Universal, se conectados estivermos?
Se assim for, a Mente Condicionada é uma pequena ferida ou distorção vibracional na Tapeçaria da Consciência Sagrada, um véu sobre nossa essência ? É uma névoa ou camada que vai sendo construída, com conhecimentos, aprendizados e treinos de condições, ditas de sobrevivência? É uma gota de óleo num cálice de água pura?
Se assim for, é como se nós, como seres treináveis, vamos sendo levados a termos determinadas repostas, satisfatórias ao meio, à cultura, às condições do ambiente, que também vai sendo moldado para responder e atender à determinados contextos? Isso somos nós?
Se assim for, onde então nos perdemos de nós e nos desconectamos da Fonte? Onde tudo isso começou? Em que parte do caminho, até este momento da humanidade moderna, começamos a nos perder, construindo um falso Eu, esgaçando o tecido da nossa conexão com a nossa verdadeira Matriz existencial Divina? Onde começamos a nos comprometer, com tamanha força, com o intelecto? Como chegamos ao ponto de criar a nossa própria identidade, a partir de conhecimentos, conceitos, definições, narrativas de verdades absolutas e julgamentos absurdos, nos tornando, nós mesmos, filhos desta mente demente e sem Fonte? Onde tudo congelou e se fixou no fora, rompendo o fluxo com a Fonte, concretando-nos num falso Eu?
Respirar, preciso respirar e abrir espaço em mim. Respirar e tocar o Mistério em mim, deixando ai todas essas perguntas.
Onde ficaram os portais, as setas indicativas e os códigos de acesso aos nossos talentos e dons Divinos? Onde nos encapsulamos e passamos a nos ver mutuamente através de lentes distorcidas de conhecimentos, conceitos, julgamentos formatados e impostos como respostas e resultados, ditos ideais?
Como foi possível nos congelarmos à condição de apenas isso, se no mais profundo somos Seres Espirituais vivendo uma experiência humana? Onde a insanidade extremou-se e passamos a achar que somos a nossa experiência? Em que ponto, essas experiências humanas, vividas por seres espirituais que somos, foram trazendo uma amnésia e desconexão, ao ponto da experiência matar o experimentador? Como a experiência de Deus, pôde matar Deus, se somos em verdade, partículas de Consciência Divina, que aceitamos, por livre escolha, viver uma experiência de Deus, com Deus? Será que a segunda parte do acordo está deixando de ser honrado, é isso? Perdidos da Fonte, seremos engolidos pela exaustão e desvitalizados, seremos enfermidades de corpo e alma?
Por ventura, no princípio do Jogo da Evolução, não havia conexão e abertura para recebermos os sinais, orientações e princípios a serem seguidos com fluidez e liberdade multidimensional? Será que gostamos tanto do jogo e do poder que experimentávamos como semelhantes ao Pai, que fomos nos embriagando no poder de criar? Será que nessa embriaguez, esquecemos ou nos perdemos do princípio maior do jogo, de ser uma experiência de Deus COM Deus, e perdidos, começamos a brincar de ser Deus SEM Deus?
Opsssss!!
Será que foi isso? Será que foi aí o começo da nossa desconexão? Respiro com profundidade no meu corpo, sinto algo fazendo sentido e um ponto de silêncio em mim, me leva a ligar os pontos. Se o Propósito do Jogo da Evolução Cósmica, era viver na Terra uma experiência de Deus com Deus. Se durante este Jogo, viver os poderes de criar como Criador, foi nos embriagando e nos levando à confusão de que, a Força Criadora era nós e não EM NÓS e POR NÓS. Se a partir daí fomos fazendo escolhas sem o devido e necessário retorno à Fonte, sem o devido cuidado com o Propósito, e só jogando… Jogando… Se nos identificamos com aquela força, aquele poder de criar a ponto de cegar e ensurdecer. Será que o Homem aqui se desconectou e passou ser a própria busca pelo conhecimento fora? Ele próprio se corporificando no Deus Intelecto? Aqui foi o ponto de ruptura?
Se assim for, então, a partir deste ponto, já estamos esquecidos que o propósito do jogo era brincar de ser criador, mas com o Pai segurando a nossa mão? Nós, crianças, soltamos a Mão do Pai?
Nós, crianças, achamos que tínhamos a Força e o Poder EM si e não ATRAVÉS de si? Será que foi aqui que soltamos a Mão do Criador? Será que foi aqui que tudo começou? Nos perdemos da Fonte e criamos uma identidade falsa. O falso Eu, a partir da mente condicionada e em desconexão com a essência?
EUREKA!!
Meu coração pulsa na garganta! Quero continuar fazendo perguntas, para quem eu não sei. Acho que para o MIM dentro de mim! Meu Deus! Será que foi por isso que Nietzsche falou que Deus está Morto? Será que ele fez a experiência do momento do Jogo em que houve a desconexão e ali denominou isso como a Morte de Deus, afirmando em seus apontamentos que “Deus está morto”? Meu coração pulsa forte no estômago também e começa e se espalhar por todo o meu corpo. O meu corpo esquenta, como num estado febril. Será que o meu corpo está me respondendo sim?
EUREKA!
Se assim for, estarei eu no caminho? Será um vislumbre do retorno? Ficar com estas perguntas talvez seja o caminho! Eu escolho ficar.
Quero continuar a fazer perguntas. Muitas perguntas emergindo de um núcleo neutro em mim. Quero continuar a fazer perguntas, não quero buscar as respostas que me aprisionaram até aqui! Quero que elas me cheguem assim, no pulsar do meu coração, no calor do meu corpo, no suor que corre agora na minha testa e no momento seguinte voem e vão embora. Sem ponto de vista fixo, só com a verdade livre para ser ela, a cada Agora novo e reinaugurado! Não quero mais ter todas as respostas, buscar respostas no bolsão do conhecimento, no já dito, no já escrito e imposto, não faz sentido. É Melhor sentir e deixar o sentido nos invadir! Quero viver a minha experiência. Quero ficar com as perguntas e sentir a verdade livre! As respostas me chegarão sim, como energia, como confirmações no perceber, no saber genuíno, como o Ser em mim, através do MIM em mim.
AVANTE!
Eu Sou o MIM em mim!
Eu Sou o infinitamente Pequeno
Eu Sou o Infinitamente Grande
Eu Sou a liberdade do Vazio
Eu Sou a Força do nada Saber
Eu Sou livre para simplesmente Ser
Assim o Propósito do Jogo da Evolução Cósmica se reinaugura à Luz da Nova Consciência.
Isso foi sonho??
Vou ficar com a pergunta!!
Melhor assim!
Vida que segue!
Melhor não ter vergonha de ser feliz e ficar com a beleza das respostas das crianças.
Zunara Lyra
Em 16.04.2021